O que a polícia concluiu? Padre Wagner Rodolfo da Silva era de São José dos Campos e foi encontrado morto com a cabeça decapitada


Na época, a polícia apontou que horas antes do sumiço, padre Manoel foi rendido por criminosos após receber um telefonema de um dos suspeitos e ir até a casa dele em Jacareí. Ele havia celebrado uma missa na cidade de Santa Branca e jantado na casa de um morador.


Manoel e um jovem que estava com ele foram levados pelos criminosos até a casa paroquial no Alto da Ponte em São José, que fica ao lado da igreja. Chegando no local, a quadrilha encontrou padre Wagner dormindo e também o rendeu.


O bando roubou objetos do imóvel como televisões, aparelhos de som e vídeo cassete. Os dois sacerdotes e o jovem foram levados como reféns.

Segundo a polícia, o objetivo do grupo era retirar dinheiro de caixas eletrônicos, mas como o horário não permitia a transação, resolveram matar os padres..

Objetos roubados da casa paroquial e encontrados na casa de um dos condenados pelo crime.


O rapaz foi deixado em Jacareí e os dois padres foram levados para uma estrada na zona rural de Santa Isabel, a 40 quilômetros de São José dos Campos.

Padre Wagner foi morto e teve a cabeça decapitada. Seu corpo foi encontrado após declaração do próprio padre Manoel que foi encontrado pouco tempo antes, com cinco marcas de facadas.

"Foi muito trágico, para quem viveu na época, foi uma coisa absurda. Ele era uma pessoa incrível. Simplesmente tirar a vida de uma pessoa da maneira que tiraram. Degolar uma pessoa do nada, uma pessoa que não fez nada para ninguém", contou Lucila, irmã de Wagner.

Cama de padre Wagner na casa paroquial após o sequestro.


A notícia chegou à Paróquia de São Benedito, onde fiéis estavam reunidos em vigília, pedindo por um desfecho tranquilo do caso. A comoção tomou conta da igreja e uma multidão foi para o local esperar pelo corpo do padre.

"Nunca pensamos que alguém poderia tirar ele de um sono e simplesmente acabar com a vida dele. É imperdoável, é difícil de aceitar. A gente pensa nisso até hoje. Todo momento que a gente fala dele sentimos profundamente", contou a irmã.

Missa de corpo presente de padre Wagner, em São José dos Campos.


No dia do velório, filas que davam voltas pela paróquia com mais de duas horas de espera para o último adeus a padre Wagner. Em uma missa de corpo presente presidida pelo então bispo de São José, Dom Nelson Westrupp, familiares e amigos passaram mal e precisaram ser socorridos.

Após ter o caixão carregado pelas ruas, Wagner Rodolfo da Silva foi sepultado no Horto da Paz, espaço destinado a religiosos de posse da Diocese de São José dos Campos, no Cemitério Municipal Rodolfo Komorek.

Vinte anos depois, chamado de santo popular por católicos da cidade, o mausoléu de padre Wagner é um dos mais visitados do cemitério, junto do túmulo do também sacerdote, que dá nome ao lugar.

A Polícia Civil registrou o caso como latrocínio, um roubo seguido de morte. E concluiu que a ação foi planejada por cinco pessoas, que além de roubar a casa paroquial, queriam sacar dinheiro de caixas eletrônicos.

O primeiro culpado pela morte de padre Wagner foi preso dias depois do crime na casa onde morava no bairro Igarapés em Jacareí. Na casa de Michel Jucá de Brito, à época com 18 anos, a polícia apreendeu na casa do jovem objetos roubados da casa paroquial e roupas usadas no dia da execução.

Os outros quatro foram presos dias depois. Dez anos após o crime, em 2013, todos os cinco acusados haviam sido condenados e cumpriam penas de 27 a 36 anos por envolvimento no crime.

Michel Jucá de Brito continua preso e está cumprindo pena na na Penitenciária II de Guareí, no interior de São Paulo. Já os outros quatro envolvidos já cumpriram pena e estão em liberdade.
    

Túmulo do Padre Wagner dez anos após sua morte, em 2013 acima.

Passados 20 anos de sua morte, padre Wagner Rodolfo da Silva virou símbolo de devoção para milhares de fiéis que o consideram um 'santo popular'.

O túmulo dele é um dos mais visitados do cemitério no Centro; Todos os anos, fiéis que celebram uma missa em sua homenagem todos os dias 25 de setembro desde sua morte. "Essa missa que fazemos todo ano, nos dá mais força.

É bom quando temos mais gente ao nosso lado falando aquelas coisas boas sobre ele”, concluiu Lucila. Neste ano, com a reforma da capela do cemitério - que fica ao lado de seu jazigo - a celebração será na Paróquia São Benedito, às 19h30 desta segunda.

João Delfino.


FOTO: G1 REPRODUÇÃO/ GOOGLE STREET VIEW /  ARQUIVO TV VANGUARDA.
TEXTO: POR JOÃO DELFINO*, G1 VALE DO PARAÍBA E REGIÃO.
*JOÃO DELFINO COLABOROU SOB SUPERVISÃO DE CARLOS SANTOS

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